sábado, 4 de setembro de 2010

FEMINILIDADE SUBJUGADA



A noite, ainda é algo a ser muito pesquisado. Ela trás em sua essência uma magia que transforma as horas negras e silenciosas em volubilidade, fascínio e magnitude. Num passe de mágica,homens e mulheres, mesmo após uma semana desgastante de trabalho, passam por uma mutação ainda que efêmera, dando lugar ao super homem e mulher maravilha; onde a jovialidade orgânica ,o entusiasmo,o vigor,a interação social e o jogo de sedução recíproco,transformam-se em campeões de audiência.
Recentemente visitei uma boite, muito freqüentada por universitários, empresários e pessoas afins. Seu repertório musical, pista de dança, bebidas e atendimento ao cliente, eram considerados aprazíveis e propícios para uma noite mágica e um assunto tão minudente e sistemático; e que vem afligindo desde os primórdios a “mulher” em sua essência.
Apreciei durante horas nos rostos masculinos, a satisfação em uma única noite ser considerado o “caçador” e ao mesmo tempo “a presa”, tão almejada das inúmeras mulheres que circulavam o local.
Era, como se depois da meia noite eles se transformassem de “sapos” á príncipes e tivessem o direito da dança com a princesa da noite, não se importando que após as 5 horas da manhã o encanto acabasse, e voltassem a serem “sapos” novamente.
A música em sua magia, e o ambiente tão oportuno da noite, ajudava-os, para que o encanto fosse realizado.
Mulheres dançavam procurando mostrar toda sua sensualidade, a fim de chamar a atenção da presa, ou “caçador”, como se estivessem no cio, clamando pelo parceiro.
A estimativa era de um homem para oito mulheres... Isso tornava uma concorrência um tanto acirrada.
Mulheres indo e vindo da toilette, onde os espelhos eram os mais cogitados mesmo porque aquela noite era diferente de todas as outras; aliás, além da magia da música e dança que envolvia a todos, a beleza feminina era buscada como primicia pelo caçador.
Ao fim da noitada, observei que muitas das beldades femininas que circulavam o agradabilíssimo ambiente, estava ainda a espera do príncipe, e muitas não se importando de alguns já terem se transformado em “sapos”; mesmo porque o que contava era terminar aquela noite nos braços de um homem...Ainda que o álcool já os tivera “caçado” primeiro que elas, ou o cansaço.
Agora pergunto: O que a antropologia, ou a sociologia tem a dizer sobre este fato que é consumado em todo o mundo? O que pode-se fazer para mudar este quadro tão deprimente, e que vem afetando o “homem” em sua essência?
Os valores do seres humanos têm passado por mudanças a cada década. Hoje, salões de beleza, farmácias, clínicas dermatológicas e afins, disputam no mercado, quem tem mais produtos e qualidades para satisfazer os prazeres femininos e masculinos, transformando-os em”produtos” a serem expostos no mercado,sendo assim,quem pode mais,chora menos !
A inteligência feminina, ainda tem sido subjugada pela mídia. Se a beleza vier acompanhada de uma dose de inteligência, perspicácia... Bingo!Caso contrário, somente a beleza já é suficiente para fazer a “galera” masculina se alegrar.
Quantas “Ofélias” (personagem feminino, de um programa televisivo, onde a mulher dava vexame sempre que participava de uma conversa com amigos) ainda existem e perduram em nosso planeta?
Os best-sellers ainda são: “beleza e jovialidade”, o conhecimento, e a intelectualidade, ainda são vistos como “clássicos”. Isto é; são lembrados com carinho. No entanto guardados em grandes estantes, porem empoeirados, sem uso, obstante do efeito que o best-seller vem causando estrondosamente.
Muitos, têm em mente, uma mulher intelectual trajando um tailleur, salto alto, coque e óculos, não necessariamente bonita ou charmosa, e sempre com aspecto “sisuda” e feminista, procurando “tomar o lugar dos homens”, a quem se acham ter este direito e prioridade.
Na realidade, a mulher intelectual, aquela que busca conhecimento, tem sido uma ameaça à classe masculina, tanto é verdade que ainda vemos nas pesquisas que embora as mulheres tenham alcançado uma colocação substancial no mercado de trabalho, todavia, o salário entre o homem e a mulher diverge em demasia.
A quem culpamos? O que é necessário para uma mulher se considerar “realizada”, amada,respeitada em toda sua essência de “mulher” neste mundo que diz ser tão eclético e ecúmeno? Não sou engajada ao feminismo e sim ao civismo, tanto é que luto pelos direitos da mulher, independente de raça, nacionalidade, beleza, nível social e crença religiosa.
Tenho aprendido a cada dia que a mulher é um ser dotada de inteligência, independente de beleza física, basta ela não se deixar rotular e não assumir um papel que a sociedade impõe, classificando-a como: “o importante é a beleza” ou “não precisa abrir a boca, basta mostrar o corpo”. Infelizmente muitas têm aceitado a risca este ensinamento, e caladas, satisfazem-se com o ser chamada de “gostosas”. Agem como animais adestrados, que respondem somente as expectativas e necessidades de seu dono.
Em suma, na qualidade de argumentista; lanço para todo aquele (a) que também luta ou se incomoda com a situação que estamos vivenciando, para que a igualdade, equidade social, independente de raça ou sexo, possa deixar de ser utopia, e sim uma realidade de nossos dias.
Precisamos de uma mudança EMERGENCIAL!

Elen Viana

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